quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Corpo atribuído a Juan era de menina, afirma perita


Ainda resta dúvida se o corpo enterrado no dia 7 de julho no cemitério municipal de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, é o do menino Juan Moraes Neves, de 11 anos, supostamente morto por policiais militares em uma favela da região no dia 20 de junho. ÉPOCA teve acesso ao laudo cadavérico e ao depoimento sobre o caso feitos pela perita Marilena Campos de Lima, da Polícia Civil. Os documentos ainda não tinham vindo à tona.
Ela atestou que o corpo encontrado no dia 30 de junho e enterrado sete dias depois era de uma menina, ou seja, não de Juan. Diz ainda que a data provável da morte daquele corpo era “mais ou menos 40 dias”, enquanto o menino teria morrido havia dez dias.
E, para completar, afirmou que a mão direita, embora em estado de decomposição, tinha “tonalidade branca, indicando que a cor da pela é branca”. Juan era negro.
A perita foi afastada, após exames de DNA confirmarem que era, sim, o cadáver de Juan. A Polícia Civil afirmou que Marilena foi precipitada, mas não divulgou detalhes do trabalho feito por ela.
Agora o laudo da perita foi adotado pela defesa dos PMs, que diz não acreditar que era o cadáver do garoto. Por conta disso, a pedido de um defensor público, a Justiça autorizou a exumação do corpo, o que deve ocorrer nesta quarta-feira (17), às 13 horas. Será colhida nova amostra para outro exame de DNA.
Na época em que o cadáver foi encontrado, no rio Botas, na Baixada Fluminense, a Polícia Civil sofria pressão para elucidar o caso, que causou comoção nacional.
Marilena conta em depoimento que, após fazer a perícia no corpo e atestá-lo como de uma criança do sexo feminino, recebeu ordem do IML (Instituto Médico Legal) para não liberar o laudo para delegacia que cuidaria do caso.
O IML fez nova perícia horas depois apontando que as características do corpo sugeriam ser o de um menino. Cinco dias depois, laudo de DNA confirmaria isso.
Em seu depoimento à Corregedoria Interna da Polícia Civil no dia 19 de julho, Marilena descreveu ao longo de cinco páginas ao menos seis características do corpo que indicavam se tratar de alguém do sexo feminino.
A perita disse que tirou ao menos 30 fotos do corpo e que recolheu para exame de DNA fragmento da pele do dorso da mão esquerda, dois dentes molares (foram encontrados três na boca do cadáver) e uma parte da tíbia (osso da perna).
Ainda segundo ela, bombeiros que localizaram o corpo teriam informado que se tratava de uma menina, pois havia sido encontrada uma sapatilha cor-de-rosa próximo ao corpo.
Fonte: Revista Época

Nenhum comentário:

Postar um comentário