Robinson Faria, vice-governador
O vice-governador Robinson Faria assumiu a presidência do recém-registrado Partido Social Democrático com discurso de total sintonia com a governadora Rosalba Ciarlini (DEM), de quem se declara liderado. Quando o assunto é o pleito de 2012, o líder político é cauteloso, afirma que todo processo será deflagrado pela chefe do Executivo. No entanto, praticamente descarta apoio as candidaturas de Micarla de Sousa (PV), Wilma de Faria (PSB) e de Rogério Marinho (PSDB). Com relação ao tucano, Robinson Faria vê como impedimento o fato de ser oposição ao Governo Federal, mas destaca que prevalecerá a vontade da maioria e, se assim o for, poderá apoiar Marinho. Já sobre a candidatura de Carlos Eduardo (PDT), ele confirma conversas, mas diz que não há nada fechado. O nome do deputado federal Fábio Faria (PSD) não é de todo descartado: "É legítimo, mas precisa saber se esse é o projeto dele". Se para o pleito 2012 Robinson Faria não fecha questão, para sucessão de 2014 ele assume o sonho de ser candidato ao Senado Federal. "É uma opção, mas não é uma obsessão", diz o vice-governador, que não se mostra temeroso com os já lançados adversários ao cargo de senador. "Ninguém escolhe concorrente, não escolhe adversário. Cada um procure seu espaço", afirma. Embora muitos sejam os comentários apostando que alguns deputados poderão desistir de ingressar no PSD (o anúncio inicial previa seis parlamentares - Gustavo Carvalho, Ricardo Motta, José Dias, Vivaldo Costa, Raimundo Fernandes e Gesane Marinho), Robinson Faria não acredita no racha, aposta na amizade e na unidade do seu grupo.Na fase pós-registro do PSD, o vice-governador também dá mostras de querer superar os atritos com o senador José Agripino Maia, presidente nacional do DEM. Ele disse que pretende manter a aliança construída em 2010. Sobre as metas do PSD, o pleito 2012 e os preparativos para 2014, o vice-governador Robinson Faria concedeu a seguinte entrevista à TRIBUNA DO NORTE.
Após registro do PSD, qual a preocupação do senhor neste momento?
Minha preocupação é dar continuidade ao fortalecimento do PSD, que desde lançado em Natal, quando Gilberto Kassab veio aqui, passou a ser muito procurado por lideranças de todas as regiões e de todos os partidos. Até me surpreendeu um partido ter tanta simpatia e aceitação. Simpatia não só de lideranças, mas também de pessoas, populares. Faço essa colocação porque passei por essa experiência quando fundei o PMN, que era um partido cartorial e terminou se transformando em um partido grande e decisivo em várias eleições. Mas a sensação e expectativa, a intensidade vivida no PSD é a do PMN multiplicada muitas vezes. Estou sempre viajando, a trabalho ou a convite, e o Rio Grande do Norte tem a cultura muito avançada do povo politizado. Isso é muito bom para todo mundo. O PSD nasceu grande no Rio Grande do Norte, com seis deputados estaduais, um deputado federal, um vice-governador e uma grande perspectiva de capilaridade enorme em nível municipal.
O senhor já fez o primeiro balanço de como se portará o PSD no pleito municipal?
Não. Esse balanço nós paramos, mas sei que já passa de 90 municípios com diretórios e filiados. Não quer dizer que vamos eleger 90 prefeitos. Estamos com presença em 90 cidades. É lógico que com essa demora (no registro do TSE) muitos chegaram a se filiar a outros partidos porque acharam que não iria mais acontecer o PSD no Brasil. Alguns prefeitos se sentiram inseguros e tomaram outros partidos, gente que viria para o PSD se tivesse sido formado dois meses atrás. A formação a 10 dias do prazo final foi prejudicial ao partido, mas também não vai diminuir a força do partido na capilaridade regional do Estado.
Um dos acirramentos que houve no processo de registro do PSD foi com o DEM. Haverá restrição para alianças no Rio Grande do Norte com o DEM no pleito de 2012?
De nossa parte não. O DEM é um partido aliado. Embora seja estranho porque José Agripino é o presidente do DEM e foi o protagonista desse duelo no Brasil inteiro. Mas isso eu considero assunto superado. O PSD não pode nascer com sentimento de revanchismo, de radicalismo. Tem que ser um partido novo não só na sigla, mas na sua essência, no diálogo, na humildade, simplicidade, de estender a mão. O PSD está pronto para dialogar com os partidos. Sei que cada cidade tem sua história não só para o PSD, mas para o DEM, PMDB, PT. Cada município tem coligações diferentes dos outros municípios. Nem sempre obedece a orientação estadual e foge até aos seus principais chefes. Mas o PSD hoje não tem mágoas, nasce sem mágoas e está aberto a dialogar principalmente porque o DEM é o partido da nossa líder maior que é a governadora Rosalba Ciarlini.
E a relação do presidente estadual do PSD, Robinson Faria, com o presidente do DEM, o senador José Agripino?
Ontem (quinta-feira) estava em Mossoró e falei em uma solenidade. Ele chegou na platéia para assistir o Auto da Liberdade no Teatro Dix-huit Rosado e eu fiz referência a ele que considero um desarmamento de espírito da minha parte. Eu disse no discurso: "Acaba de chegar o senador José Agripino, falam que ele está com raiva de mim, que eu estou com raiva dele. Quero aqui dizer que esse é um assunto vencido, o que aconteceu, aconteceu, faz parte da vida política. Mas digo aqui de público perante a cidade que ele nasceu, que é Mossoró - 'Agripino é um patrimônio político do Rio Grande do Norte e do Brasil e eu sou reconhecedor dessa sua biografia'". Isso foi dito no Teatro Dix-huit Rosado, que estava lotado.
Então o senhor se mantém aliado do senador José Agripino Maia?
Espero que sim. Espero que esse palanque de 2010... Foi um palanque vitorioso e ele (o senador José Agripino) foi um protagonista importante. Ele foi um incentivador para que eu estivesse ao lado dele, de Rosalba. Foi buscar o PMN, que hoje é o PSD, um partido novo. O PSD não pode ser visto com olhos de um partido que veio para dividir. Pelo contrário, o PSD veio para somar, vai somar muito para Rosalba, para sua governabilidade, para seu futuro político. O tempo vai mostrar isso. Parece até que estou querendo dizer que o PSD é solução para muita coisa... O PSD é forte, com deputados fortes, lideranças fortes e está pronto para colaborar.
Sobre os deputados estaduais do PSD (Ricardo Motta, Gustavo Carvalho, José Dias, Vivaldo Costa, José Dias, Gesane Marinho e Raimundo Fernandes), houve declarações de Ricardo Motta se mostrando reticente a ingressar no partido. O senhor teme que os parlamentares possam desistir de ingressar no partido?
Os deputados do PSD são, na maioria, os deputados que vinham do PMN. Sou amigo de Ricardo Motta há 24 anos, meu amigo particular, amizade fraternal. Ricardo Motta foi companheiro leal do PMN o tempo inteiro. E nós fomos juntos a São Paulo - eu, ele, Fábio (Faria) e Raimundo Fernandes - buscar o PSD para o Rio Grande do Norte. Eu não posso falar por ele, o que posso dizer é que acho que nós estaremos juntos.
O senhor acredita que manterá o grupo dos seis deputados no PSD?
Eu confio, não posso falar por cada um. Mas minha expectativa e meu sentimento é de que estaremos juntos até porque discutimos, durante tantos meses, cidade por cidade a criação do PSD. Todos nós discutimos caso a caso a formação do PSD. Qual o fato novo para modificar isso aí? Não vejo nenhum fato novo para modificar e desmanchar a união, a irmandade que há hoje entre nós do PSD. Não houve nada grave, não teve nenhuma discussão. Ao contrário, estamos sempre conversando, dialogando.
Como se portará o PSD na eleição de Natal?
O PSD tem que ter sempre a essência da discussão coletiva. Temos que discutir coletivamente, nos reunir, eu, os deputados, todos temos que ter o cuidado de discutir Natal, sabendo todos nós que a líder maior nossa não só em Natal, mas em todo Estado, é a governadora Rosalba Ciarlini. A eleição é só no próximo ano. Ninguém fechou coligação, não vejo PMDB, nem PT, nem PDT, nem PSB fechando coligação, por que só o PSD tem que dizer qual será sua coligação? Temos tempo para discutir. Rosalba não deflagrou o processo ainda. Vamos aguardar ela deflagrar o processo. Isso não impede o PSD conversar, Rosalba conversar. No momento certo o PSD coletivamente irá definir a posição em Natal.
Mas o PSD poderá caminhar em um palanque diferente do da governadora Rosalba em Natal?
O sentimento do partido é coletivo. E essa será uma decisão interna corporis do PSD após ser deflagrado o processo e Rosalba colocar para nós. Já entreguei o processo à governadora Rosalba. Falando no meu nome, entreguei o processo à governadora Rosalba.
O senhor disse, em entrevistas anteriores que o candidato a ser apoiado para a Prefeitura do Natal deve ter afinidade com o Governo Federal. Com isso o senhor exclui a possibilidade de apoio ao deputado federal Rogério Marinho, que é opositor à presidenta Dilma Rousseff?
Não tenho nada pessoal contra Rogério Marinho. Mas minha opinião pessoal, que poderá nem prevalecer, porque vai prevalecer a opinião da maioria e eu não sou presidente que vou impor... Mas se for o caso do grupo caminhar com Rogério que seja por consenso comandado por Rosalba. Pode ser ele (Rogério Marinho) ou qualquer nome fora desses cogitados diariamente pelos partidos que integram a base de Rosalba. O PSD está com o sentimento de no momento certo coletivamente ouvir a nossa principal líder para que ela coloque a discussão e tenhamos cada um direito a voz. Agora eu, Robinson, não o presidente do PSD, mas o ex-deputado e vice-governador Robinson Faria, acharia interessante um nome que tivesse livre trânsito em Brasília para ajudar de forma mais fácil a gestão de Natal. Seria melhor para Natal ter um prefeito com livre acesso à capital federal. Mas essa é uma opinião particular minha.
O senhor se mostra muito afinado à governadora Rosalba, a impressão é que necessariamente estará no palanque de Rosalba em Natal. É isso mesmo?
É o meu desejo. Espero que estejamos juntos. A lógica é ela comandar o processo.
O nome do deputado federal Fábio Faria vem sendo lembrado nas pesquisas para prefeito de Natal. O PSD poderá ter candidato próprio a prefeito de Natal?
O PSD não nasce para ser de imposição, mas de colaboração. Partido parceiro dos demais que queiram caminhar conosco. O nome de Fábio tem todas as condições para disputar, mas resta saber se ele tem essa motivação para ser candidato. Justiça seja feita, quem primeiro bateu na porta da CBF lutando pela Copa, ainda no governo Wilma de Faria, e pediu audiência a Ricardo Teixeira, foi o deputado Fábio Faria.
O senhor rompeu com a prefeita Micarla de Sousa?
Eu não rompi com Micarla. Micarla rompeu com todos que a apoiaram.
Em 2012 há possibilidade do senhor apoiar a reeleição da prefeita?
Acho muito difícil. Apesar de que ela ainda se diz aliada da governadora Rosalba. Não tenho nada pessoal contra ela (Micarla), mas no campo político acho que a prefeita cometeu erros sucessivos a ponto de ter que governar com seus adversários porque não tinha mais um correligionário seu, que lhe ajudou a ser prefeita, ao seu lado. Ela foi buscar Henrique Alves, auxiliares da ex-governadora Wilma de Faria, porque não tinha um aliado que pudesse contar. É lamentável. Não sei o que passou na cabeça de Micarla, até hoje não entendo como ela se transformou quando se elegeu prefeita de Natal.
O senhor conversou com o ex-prefeito Carlos Eduardo. Há diálogo para apoiá-lo?
Esse diálogo existe, mas ele (Carlos Eduardo) também dialoga com o PT, com Wilma de Faria, com o PSB, com o PMDB de seus familiares. Está dialogando com outros partidos. Por amizade que eu tenho ao seu pai (Agnelo Alves) hoje e a ele próprio, também dialogou com o PSD. É muito incipiente agora ter definição de coligação. Mas impossível com ele (Carlos Eduardo) não é. Se amanhã a própria Rosalba pode abrir diálogo com Carlos Eduardo, com nossa ajuda, com a participação de Garibaldi que é simpático a apoiá-lo... Não é nada impossível ele ser o nome colocado no contexto dos partidos que compõem a base de Rosalba.
E o apoio a Wilma de Faria para prefeita?
Wilma de Faria tem uma situação mais difícil. Ela tem uma questão mais pessoal, mais distante com o senador José Agripino e com a governadora Rosalba Ciarlini.
O senhor já disse que o Rio Grande do Norte é muito politizado. E hoje não se fala apenas na eleição de 2012, mas também de 2014. Qual o projeto político do vice-governador para 2014?
O projeto político é conseqüência do trabalho administrativo, da prestação de contas. Hoje estou no outro lado, estou no Executivo. Para que possa vislumbrar uma candidatura, que não sei nem qual é, eu tenho que ajudar o governo Rosalba para que ele seja de sucesso, de transformações, de modernidade, que avance na segurança, na saúde, que realize obras estruturantes tão sonhadas há várias décadas, que avance no campo do agronegócio, que consolide o boom da energia eólica, que rediscuta a relação com a Petrobras e possa melhorar o Ideb da educação. São metas ousadas. Estamos desafiados. Sonhos meus e de Rosalba e temos que trabalhar em pouco tempo para daqui a três anos e meio termos a condição de nos apresentarmos e prestarmos contas ao povo. Candidatura minha e dela (Rosalba Ciarlini) será consequência do nosso governo. Lógico que se tenho sete mandatos e vou sonhar e trabalhar para ter o oitavo mandato.
O senhor poderá ser candidato ao Senado?
O Senado é opção, mas não é obsessão. Posso nem ter a condição de ser candidato a senador, meu nome pode não estar com viabilidade nas pesquisas para ser senador, mas não é nenhum pecado revelar que esse sonho existe no meu âmago. Ou é melhor dissimular? Prefiro revelar e ser sincero com o povo do que preferir a dissimulação, que não é honesto.
Assim como o senhor revela que deseja ser candidato ao Senado, a deputada federal Fátima Bezerra (PT) já disse que deseja ser, o deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB) dá sinais de que vai entrar na disputa. Qual sua avaliação sobre esse trio disputando só uma cadeira?
Acho bastante salutar. Ninguém escolhe concorrente, não escolhe adversário. Cada um procure seu espaço. Busquei ser candidato a governador, não sou um homem ressentido porque não fui. Se não aconteceu, não era meu momento, o momento era de Rosalba. Mas não invalidou o meu trabalho, não me arrependi de não ter tentado. Pior é o pecado da omissão, feio é esperar ser conduzido a um cargo importante de cima para baixo porque tem um partido, dois ou três (partidos) que comanda ou tem simpatia e você é candidato colocado de forma verticalizada, imposta.
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