Depois de enterrar vizinhos mortos por PMs, moradores do Aglomerado da Serra enfrentam policiais que ocuparam morro. Quatro são feridos à bala de borracha e outro ônibus é queimado
Landercy Hemerson, Pedro Rocha Franco e Alfredo Durães - Estado de Minas
Manifestantes enfrentaram em vários pontos do aglomerado os militares, que reagiram com balas de borracha e bombas de efeito moral |
Uma criança ficou ferida, três homens, um deles cinegrafista, foram atingidos por balas de borracha e pelo menos três pessoas foram presas durante enfrentamento, ontem à noite, entre militares e moradores na Praça do Cardoso, na Vila Marçola, Aglomerado da Serra, na Região Centro-Sul de BH. Por volta 21h30, um micro-ônibus da linha 103 (Pouso Alto/Cafezal) foi incendiado na Praça Bela Vista, na Vila do Cafezal. Dois carros também foram incendiados e um veículo jogado em uma ribanceira.
Um grupo pretendia fazer um protesto no local contra a ação policial na madrugada do sábado, que resultou nas mortes do auxiliar de enfermagem Renilson Veriano da Silva, de 29 anos, e do dançarino e auxiliar de padeiro Jeferson Coelho da Silva, o Jefinho, de 17. Policiais começaram a ser hostilizados por moradores, que jogaram pedras nos carros. Houve reação de um PM, que atirou para o alto, dando início ao confronto.
Vários moradores estavam na praça, inclusive famílias com crianças. A menina L., de 5 anos, estava com seus pais de bicicleta, quando os policiais começaram a lançar bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes. O casal já seguia para casa, quando a criança foi atingida por um estilhaço na perna. A revolta dos moradores foi ainda maior e eles expulsaram os PMs do local a pedradas. O pai da criança, o chaveiro Adriano Santos, de 22, disse que o ferimento da filha foi leve, mas ela ficou assustada: “Está chorando muito e me perguntando o tempo todo se vai morrer”.
Em poucos minutos, os militares retornaram com reforço, dando início a outro confronto. Com escudos, os policiais passaram a disparar balas de borracha para dispersar as pessoas que reagiam jogando pedras. Um manifestante foi atingido na boca por uma balas. Parentes de dois presos, identificados como Elias Moisés e Roberto Luiz, disseram que militares os ameaçaram de morte.
Inconformados com a ação policial, o grupo de moradores que resistia aos PMs decidiu sentar-se na praça e clamar por justiça. Os protestos continuaram e um grupo seguiu para a Praça Goiabal e houve novos confrontos. Sandro de Oliveira, de 19, foi baleado na boca. Barricadas foram montadas pelos manifestantes na Avenida Cardoso. O major Luís José Francisco Pires, do 22º Batalhão da PM, informou que foi a comunidade quem começou a jogar pedras nos policiais. “Agimos apenas de forma preventiva”, garantiu o oficial.
ENTERRO Os corpos de Renilson Silva e de Jeferson foram enterrados ontem à tarde no Cemitério da Saudade, na Região Leste da capital, sob gritos de revolta de parentes e amigos por justiça. Os dois foram baleados na madrugada de sábado na Vila Marçola, no Aglomerado da Serra, numa suposta troca de tiros com militares do Batalhão Rotam. Um morador da vila, que teria assistido de casa à ação dos PMs, foi identificado por agentes da Divisão de Crimes contra Vida (DCcV), da Polícia Civil, e apresentou versão diferente do relato dos militares. Além da DCcV, a Corregedoria da Polícia Militar abriu inquérito para apurar os crimes.
Informações oficiais da PM são de que Renilson e Jeferson foram abordados pela equipe da Rotam. Eles estariam entre um grupo de homens armados que vestiam fardas da corporação e que receberam os policiais a tiros. Um dos PMs teria sido atingido por um tiro, mas a bala ficou retida em seu colete. Os militares alegam que foram recebidos a tiros por cerca de 15 a 20 homens, em motos e a pé, que usavam fardas da PM. Os dois mortos estariam com as fardas embrulhadas debaixo do braço, dois revólveres em péssimo estado de conservação e munições.
A versão revoltou os moradores do aglomerado, em função de as vítimas serem conhecidas como trabalhadores, sem passagem pela polícia. Para os moradores, os dois foram executados. Revoltada, no sábado a comunidade incendiou dois ônibus. Ontem, centenas de policiais dos 1º, 16º e 22º batalhões, além de integrantes do Batalhão Rotam, todos armados, ocuparam pontos estratégicos do aglomerado, para evitar novas manifestações.
Morador denuncia abusos de policiais
No enterro de Renilson e Jeferson, ontem, no Cemitério da Saudade, centenas de pessoas prestaram as últimas homenagens às vítimas e aos gritos pediam por justiça. O pai de Jeferson e irmão de Renilson, o cabo da Polícia Militar Denilson Veriano da Silva, que está na corporação há 16 anos, revoltado, disse que vai pedir licença e não sabe qual será seu futuro. Ele garantiu que não está sofrendo pressão por parte do comando da PM. Afirmou que espera por justiça.
Vários moradores do aglomerado procuraram jornalistas para denunciar abusos de autoridade cometidos por militares. Um deles, o produtor cultural Marcelo Emiliano Júnio Veloso, de 27, conhecido como DJ Marcelo Mattos, afirmou que na noite do sábado um ônibus com moradores que seguia para o velório foi parado por PMs. Alguns deles subiram no veículo e disseram que vão retaliar qualquer tipo de denúncia.
O comandante do Batalhão Rotam, tenente-coronel Newton Antônio Lisboa, informou ontem que somente a assessoria de imprensa da PM poderá dar declarações sobre o caso. Esta, por sua vez, afirmou que a corporação só deve se manifestar hoje.
Uma fonte da Polícia Civil garantiu ontem que agentes da Delegacia de Homicídios já identificaram uma testemunha da morte de Renilson e Jeferson, que contradiz a versão dos PMs. Trata-se de um morador do aglomerado, cuja casa fica bem perto do local dos tiros. Segundo a polícia, a testemunha teria sido levada para um lugar seguro e deverá depor oficialmente hoje.
Um grupo pretendia fazer um protesto no local contra a ação policial na madrugada do sábado, que resultou nas mortes do auxiliar de enfermagem Renilson Veriano da Silva, de 29 anos, e do dançarino e auxiliar de padeiro Jeferson Coelho da Silva, o Jefinho, de 17. Policiais começaram a ser hostilizados por moradores, que jogaram pedras nos carros. Houve reação de um PM, que atirou para o alto, dando início ao confronto.
Vários moradores estavam na praça, inclusive famílias com crianças. A menina L., de 5 anos, estava com seus pais de bicicleta, quando os policiais começaram a lançar bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes. O casal já seguia para casa, quando a criança foi atingida por um estilhaço na perna. A revolta dos moradores foi ainda maior e eles expulsaram os PMs do local a pedradas. O pai da criança, o chaveiro Adriano Santos, de 22, disse que o ferimento da filha foi leve, mas ela ficou assustada: “Está chorando muito e me perguntando o tempo todo se vai morrer”.
Em poucos minutos, os militares retornaram com reforço, dando início a outro confronto. Com escudos, os policiais passaram a disparar balas de borracha para dispersar as pessoas que reagiam jogando pedras. Um manifestante foi atingido na boca por uma balas. Parentes de dois presos, identificados como Elias Moisés e Roberto Luiz, disseram que militares os ameaçaram de morte.
Inconformados com a ação policial, o grupo de moradores que resistia aos PMs decidiu sentar-se na praça e clamar por justiça. Os protestos continuaram e um grupo seguiu para a Praça Goiabal e houve novos confrontos. Sandro de Oliveira, de 19, foi baleado na boca. Barricadas foram montadas pelos manifestantes na Avenida Cardoso. O major Luís José Francisco Pires, do 22º Batalhão da PM, informou que foi a comunidade quem começou a jogar pedras nos policiais. “Agimos apenas de forma preventiva”, garantiu o oficial.
ENTERRO Os corpos de Renilson Silva e de Jeferson foram enterrados ontem à tarde no Cemitério da Saudade, na Região Leste da capital, sob gritos de revolta de parentes e amigos por justiça. Os dois foram baleados na madrugada de sábado na Vila Marçola, no Aglomerado da Serra, numa suposta troca de tiros com militares do Batalhão Rotam. Um morador da vila, que teria assistido de casa à ação dos PMs, foi identificado por agentes da Divisão de Crimes contra Vida (DCcV), da Polícia Civil, e apresentou versão diferente do relato dos militares. Além da DCcV, a Corregedoria da Polícia Militar abriu inquérito para apurar os crimes.
Informações oficiais da PM são de que Renilson e Jeferson foram abordados pela equipe da Rotam. Eles estariam entre um grupo de homens armados que vestiam fardas da corporação e que receberam os policiais a tiros. Um dos PMs teria sido atingido por um tiro, mas a bala ficou retida em seu colete. Os militares alegam que foram recebidos a tiros por cerca de 15 a 20 homens, em motos e a pé, que usavam fardas da PM. Os dois mortos estariam com as fardas embrulhadas debaixo do braço, dois revólveres em péssimo estado de conservação e munições.
A versão revoltou os moradores do aglomerado, em função de as vítimas serem conhecidas como trabalhadores, sem passagem pela polícia. Para os moradores, os dois foram executados. Revoltada, no sábado a comunidade incendiou dois ônibus. Ontem, centenas de policiais dos 1º, 16º e 22º batalhões, além de integrantes do Batalhão Rotam, todos armados, ocuparam pontos estratégicos do aglomerado, para evitar novas manifestações.
Morador denuncia abusos de policiais
No enterro de Renilson e Jeferson, ontem, no Cemitério da Saudade, centenas de pessoas prestaram as últimas homenagens às vítimas e aos gritos pediam por justiça. O pai de Jeferson e irmão de Renilson, o cabo da Polícia Militar Denilson Veriano da Silva, que está na corporação há 16 anos, revoltado, disse que vai pedir licença e não sabe qual será seu futuro. Ele garantiu que não está sofrendo pressão por parte do comando da PM. Afirmou que espera por justiça.
Vários moradores do aglomerado procuraram jornalistas para denunciar abusos de autoridade cometidos por militares. Um deles, o produtor cultural Marcelo Emiliano Júnio Veloso, de 27, conhecido como DJ Marcelo Mattos, afirmou que na noite do sábado um ônibus com moradores que seguia para o velório foi parado por PMs. Alguns deles subiram no veículo e disseram que vão retaliar qualquer tipo de denúncia.
O comandante do Batalhão Rotam, tenente-coronel Newton Antônio Lisboa, informou ontem que somente a assessoria de imprensa da PM poderá dar declarações sobre o caso. Esta, por sua vez, afirmou que a corporação só deve se manifestar hoje.
Uma fonte da Polícia Civil garantiu ontem que agentes da Delegacia de Homicídios já identificaram uma testemunha da morte de Renilson e Jeferson, que contradiz a versão dos PMs. Trata-se de um morador do aglomerado, cuja casa fica bem perto do local dos tiros. Segundo a polícia, a testemunha teria sido levada para um lugar seguro e deverá depor oficialmente hoje.
fonte: cabo fernando
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